Gatos de Cabo Verde X

Pinguinho I, que encontrei na Achada, minúsculo, sozinho e cego por uma crosta de secreção que saía do olho, uma infecção que nunca consegui curar, por mais tratamentos que fizesse. Ficou comigo alguns meses e um dia desapareceu. Mas foi eterno enquanto durou.

Cenas que vi perto de casa III

Num terreno ocupado por um contentor e montes de lixo, nasceu esta ninhada.

Na verdade, não eram pretos, mas pintei-os assim porque nas cores as cores reais camuflavam-nos na paisagem.

Cresceram e desapareceram.

Cenas que vi perto de casa II

Esta vi da janela.

Num parêntense da escuridão da rua, sob o poste único, esta imagem da solidão.

Praia, 2008.

Cenas que vi perto de casa

Quem nunca viu, por estas ruas, um cão cor-de-rosa de tanta sarna? Na rua principal da Prainha, essa onde desapareceram todas as árvores, há um neste exacto momento a coçar suas feridas.

Outros vivem próximos das construções, aproveitando sobras que por vezes os pedreiros ou guardas lhes dão.

Gente que gosta de bichos VI

Eu e Amarelão, Praia, 2004.

Gatos de Cabo Verde IX

Mais um do Le Bistrot,

S. Filipe, Fogo, 2004.

Passarinha

Quase não dá para ver, diluída na paisagem, em Santa Catarina, mas há ali uma passarinha.

Em 1914, Pedro Cardoso, usando o pseudónimo Afro, publicou num jornal um poema ao longo do qual inseriu os versos da morna Passarinha de Pena Azul .

No fim há uma nota explicativa, dizendo que ele reproduz a canção tal qual a ouviu a uma camponesa da sua terra. Diz que ela cantava com a melodia do Perdão Emília, música em voga na época. "Assim a arquivei no meu poemeto, onde – ciclo contemporâneo – outros espécimes do folk-lore cabo-verdiano se reproduzem", escreveu o poeta.

No seu álbum Memórias Atlânticas, Vasco Martins faz uma citação musical deste tema, que por vezes aparece com o título Maria Adelaide e que se pode ouvir, na voz de Teté Alhinho, no CD Sentires. Travadinha também gravou, ao vivo no Hotclub.

Bom exemplo!

A embaixadora dos Estados Unidos da América apareceu num programa da TCV mostrando seus dois cachorros, encontrados na rua abandonados e famintos, e que estão lá agora, felizes, paparicados e – como comentou a repórter – “com visto garantido para o país de Obama”, coisa que muito cabo-verdiano queria e não tem.

Mas também, muito cabo-verdiano é incapaz de tirar um cão da rua, e dar-lhe amor, alimentação e saúde para ter um bom amigo e companheiro, como fez a embaixadora.

Contudo, é frequente vermos cães de raças pouco adaptadas ao clima de Cabo Verde e que são trazidos de outros países, provavelmente comprados a preços altos, por snobismo ou sabe-se lá porquê. Enquanto isso, tantos animais perambulam pelas ruas doentes, com fome e desprezados, quando só precisam de um pouco de atenção e amor para se tornarem gordos, fortes e bonitos.

Que o exemplo da embaixadora Marilyn Miles, mostrado na TV, dê frutos, e as pessoas percebam que qualquer viralata, se bem tratado, fica lindo.

Gatos de Cabo Verde IX

Amarelinho, mais tarde Amarelão,

no dia em que chegou. Agosto 2004.

Gatos de Cabo Verde VIII

Amarelão, neto da Corpingú. Palmarejo, 2006.

Acredite quem puder, um ser humano, um cidadão desta cidade da Praia, matou este gato envenenado.

Gatos de Cabo Verde VII

Corpingão e Corpingú, minhas primeiras gatas em Cabo Verde. Palmarejo, 2002.

Gente que gosta de bichos V

Acredite quem puder, este cavalo estava a comer as próprias fezes. Um turista perplexo foi buscar algumas ervas para alimentá-lo. Ilha do Sal, Dezembro 2009.

Gatos de Cabo Verde VI

Uma ninhada no Quartel Eugénio Lima, Praia, Março de 2010.

Gatos de Cabo Verde V

Um dos oito gatos do restaurante Le Bistrot, em S. Filipe, Ilha do Fogo, 2004.

Gatos de Cabo Verde IV

Este pequeno mindelense passa o dia refestelado no escritório da Simabô.

Gatos de Cabo Verde III

Pingui.

Gatos de Cabo Verde II

Pinguinho, em Abril de 2008;

Pingão, um ano depois.

Gatos de Cabo Verde I

Pretty e Branquinho.

Que já não estão assim juntinhos, mas enfim, paciência...

Turismo de mar e sol

E o ideal é com uma sombra, coisa com que os humanos que frequentam a Quebra Canela não podem contar.

Dedicado à Sarah.