domingo, 5 de agosto de 2012

A varanda da morte lenta

Cabo Verde é um país triste e sem qualquer morabeza.

É só o que consigo pensar quando há três dias um pequeno cão está preso numa varanda de 50 cm de largura, tendo de um lado portas de vidro e do outro persianas de alumínio que recebem todo o sol da tarde. Ou seja, uma estufa. Com o calor que tem feito na cidade da Praia estes dias...

 Desde sexta-feira ouço seus gemidos, cada vez mais fracos. Deve estar a morrer, se não for de fome, sede e desidratação, de depressão. Provavelmente, quando os donos regressarem do fim de semana, após mais de 48 horas na estufa, encontrarão o cadáver.

E tenho de ouvir essa morte lenta pois fica bem do lado do meu apartamento. A quem denunciar tal coisa em Cabo Verde? Além dos direitos humanos não será hora de criar uma comissão dos deveres humanos? 

Quem faz isso com um bicho indefeso é capaz de fazer com uma criança, com um idoso, com um deficiente físico, com qualquer ser sob a tutela de alguém e não tendo como se livrar dela.

Há monstros à solta nesta cidade. É horrível saber que se está tão perto deles.

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