Fiquem assim:
Ou assim:
Ou assim:
Tantas vezes mal-amados, mas não aqui. Este é um espaço para falar dos animais de Cabo Verde, na sua beleza e nas suas misérias.
A SI MA BÔ - Associação para a Protecção dos Animais e do Ambiente “tem um propósito muito nobre: o de abrigar, alimentar e cuidar de animais de rua abandonados e que claramente sofrem e dão um mau aspecto às ruas do Mindelo, para além de todos os problemas de saúde pública que isso acarreta”.
A frase acima, extraída do artigo da Dra. Nídia Araújo sobre o respeito pela profissão de veterinário em S. Vicente, publicado recentemente em “A Semana”, reconhece bem o papel que vimos desempenhando.
Gostaríamos de lembrar que o nosso trabalho é, em grande parte, a sensibilização da população para cuidar dos animais, para que se importem com eles, não os abandonem nas ruas, se tiver um mantenha-o em casa. Através de actividades promovidas para o público infantil; através do incentivo à adopção e à posse responsável de um animal; de visitas aos núcleos urbanos da ilha de S. Vicente, levando a nossa mensagem e os nossos cuidados, estamos a trabalhar, no fundo, para a saúde e bem-estar dos seres humanos. É um longo caminho, cansativo e cheio de problemas a muitos níveis, mas toda viagem começa com um passo… E a resposta da população, das empresas e das instituições dá-nos força para continuar com muita fé e coragem.
Desde 2008 já realizamos gratuitamente mais de 600 operações de castração, de machos e fêmeas; conseguimos reduzir significativamente o número de animais doentes pelas ruas; procedemos regularmente à desparasitação gratuita e damos atendimento a animais acidentados que aparecem na nossa sede seja dia ou noite, fim-de-semana ou feriado.
A actuação da SI MA BÔ é supervisionada tecnicamente por uma clínica veterinária de Turim, Itália, que controla de forma rigorosa a aplicação dos protocolos de tratamento, os quais são baseados em análises laboratoriais de amostras recolhidas nos animais e levadas para a Itália para analisar, porque localmente não há condições para diagnóstico nesse nível. Temos um veterinário local responsável, Dr. Ermano Fontes Fermino de Pina, que foi o único que – depois de algumas tentativas, remuneradas, com outros profissionais – manteve-se disponível para trabalhar connosco e é muito bem considerado por muitos criadores de animais de São Vicente.
A nossa actuação tem sido reconhecida por faculdades de veterinária na Itália (Universidade de Turim e Universidade de Camerino) com quem temos parcerias; estamos em contacto com entidades oficiais ligadas à questão das zoonoses no Brasil; e várias importantes entidades cabo-verdianas reconhecem o nosso trabalho, com patrocínios e apoios. No momento, temos um importante projecto aprovado pela União Europeia que, a ser implementado, poderá resolver definitivamente o problema dos animais de rua de S. Vicente, criando um modelo exportável a todas as ilhas de Cabo Verde.
A razão porque fazemos desparasitação gratuita é criar ocasiões para explicar às pessoas que é importante castrar os animais (único método reconhecido pela OMS para reduzir as populações de cães e gatos), para tê-los saudáveis e diminuir o número de animais abandonados e doentes na ilha – objectivo principal da associação – e para acabar enfim com as matanças com veneno praticadas pelas Câmaras Municipais, que muitas vezes significam um fim doloroso e bárbaro também para animais com dono.
Outra razão porque oferecemos tratamentos gratuitos é para que os donos sejam estimulados a tratar seus animais de companhia correctamente. De momento, por razões económicas e falta de conhecimento, muitas pessoas tratam-nos em casa, com remédios e procedimentos perigosos ou ineficazes – é o caso de dar antibiótico durante um ou dois dias, analgésicos para uso humano e até óleo queimado para tratar a sarna, situações que podem matar um animal.
O pessoal que administra os medicamentos – comprados em Cabo Verde ou importados com as devidas autorizações – é muito bem formado na pequena área de actividade que desempenha: a desparasitação (algo que qualquer dono de animal devia fazer regularmente em casa), o tratamento das doenças parasitárias e os cuidados de animais acidentados até chegar um veterinário. Com grande amor pelos animais, fazem o máximo para oferecer um serviço de qualidade e orgulham-se da boa vontade e capacidade de aprender rápido e correctamente os protocolos. A eficácia dos protocolos e da sua aplicação é provada pelo sucesso obtido com centenas de animais nestes três anos de funcionamento da Associação.
Assim, diante da nossa enorme carga de trabalho, é de facto desejável que aqueles proprietários de animais que possam pagar os serviços de uma clínica veterinária e não querem castrar os seus animais ou até costumam lucrar com as crias, procurem esses serviços, deixando-nos mais tempo e energia, que bem precisamos, para aqueles pobres animais com quem ninguém se importa ou cujos donos são carenciados, animais que recebemos com amor e cuidamos com a máxima dedicação. Porque o nosso projecto – é bom frisar para que não haja dúvidas – é solidário, não comercial.
Por sua vez, a ministra da Saúde, Cristina Fontes, que participou no workshop na CMP, garantiu aos que militam pela protecção e saúde dos animais como factor de melhor saúde humana que o seu ministério será sim um parceiro nessa luta.